Um pouco de vida


Ele estava sentado em sua cama
O cigarro esquecido no cinzeiro
E as garrafas de bebida pelo chão
Mostravam o caminho de sempre

Seus olhos marejados pelo vento
Que corria pela janela de seu quarto
Mostrava um mundo de possibilidades
Que escorregavam por suas mãos

A cada noite, a cada gole de gin
A muito já não pensava em orar
Sem amigos, sem mulheres, só seu drink
Sua companhia de todas as noites

Aquelas vozes estupidas já o incomodavam
E aquela felicidade absurda que elas emanavam
Falsas como os sorrisos das pessoas andando na rua
Já não havia mais paciência para suportar tudo isso

Ele tinha algumas escolhas a fazer
Poderia acabar com isso rapidamente
Mas não daria esse prazer aos canalhas
Então preferiu enfrentar a vida ao invés da morte

Acendeu mais um cigarro, fechou a janela
Terminou outra dose de sua bebida
E com seus olhos vermelhos
Sentiu-se renovado

Mesmo que por um breve momento
Sentia estar vivo outra vez
Pronto para a próxima luta
Mesmo que a perdesse

Afinal, o que seria a vida sem derrota?
Sem fracasso, sem solidão?
Talvez uma estupidez mais sem sentido do que já é
Ele precisava de ódio para seguir e agora o tinha.

Leave a Reply