James, o detetive parte III


Eu acordei no sofá de casa. Havia uma garrafa de vinho em cima da mesa e a TV estava ligada. Levantei e fui tomar banho para curar a ressaca, ou pelo menos acalmar as dores por todo meu corpo. Minhas costas estavam doloridas e com um hematoma roxo.  Quando a agua do chuveiro tocou em minha cabeça senti um alivio que logo foi substituída por mais dores. Havia um corte pouco acima da testa, mas não era profundo. Infelizmente, nenhum ferimento grave o suficiente para levar esse corpo alto e magro para o caixão. A água escorria pelo meu corpo e essa foi uma sensação boa. Foi a primeira vez em muitas semanas que senti que estava bem.

Passei três dias bebendo e dormindo sozinho. A comida na geladeira ainda não tinha acabado, pelas minhas contas ainda poderia sobreviver por dois dias antes que tudo acabasse. Eu estava usando um roupão antigo e sujo, sem absolutamente nada por baixo, meus olhos bêbados entregavam minha verdadeira face. Olhos marejados que encaravam a noite pela janela. Sem vontade, vida ou qualquer tipo de esperança. Foi então que bateram na minha porta.

Era a primeira vez que eu a vi. Ela me encarou com uma expressão de pena e de certo modo nós dois achamos aquilo engraçado. Seus cabelos eram vermelhos e combinava com sua pele branca. Ela segurava um envelope preto e ficamos nos encarando alguns segundos na porta até que sai do caminho e ela entrou. Fechei a porta logo em seguida e corri até a garrafa de uísque mais próxima.
- Isso é pra você - Ela disse.
- Como quer a sua dose?
-Você já não bebeu demais?
- Não.

Coloquei minha dose e deixei que ela a vontade para pegar a garrafa. Ela parecia não acreditar na figura que estava a sua frente, mas eu era real.
-Trate de trabalhar rápido, esse caso é importante
-Pensarei nisso depois que terminarmos de beber
-Eu não vou beber com você
- Você não aguentaria.
- Não sei por que escolheram alguém tão patético como você
- Nem eu, mas aqui estamos então aproveite.
- Vou concordar com você. Agora preciso ir
- Volte rápido, ficarei com saudades - abri um sorriso sarcástico.

Ela foi até a porta e foi embora. Tão rápido como chegou.  Ela era uma garota interessante e eu nem mesmo peguei seu nome. Continuei bebendo meu copo de uísque. Faltava-me estimulo para fazer qualquer coisa. A cama, o álcool e a solidão sempre foram meus bons e velhos amigos. Sempre convidativos, eu gostava deles, assim como eles de mim, mas agora era preciso trabalhar. As contas se acumulavam e elas não seriam pagas sozinhas.  Fui até o envelope e o abri. Lá havia algumas fotos de bares, botecos, portos abandonados e casas de Swing. Agora eu entendi porque precisavam de mim.  Nenhuma pessoa normal entraria nesses lugares onde as mulheres e as cervejas custam o mesmo preço e a vida pode ser tirada a troco de nada. Ninguém com diploma superior chegariam perto dessas pessoas. Se cazuza realmente está vivo, ele nunca seria encontrado por lá.

    Atrás de cada foto havia o endereço do local e todas continham uma simples ordem: Pegue-o! Deixei as fotos jogadas pelo chão da sala e voltei para a cama. Minhas costas ainda estavam doendo por demais.

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