James, o detetive Parte I



Tudo começou com uma ligação.

-Alô?
- Você que é o detetive James?
-Só quando estou sóbrio, quem fala?
- Tenho um trabalho pra você
- Não me meto em briga de casais, só digo onde ela está e com quem está.
- Não é uma mulher que eu quero que você investigue. Te ligo em alguns dias
- Talvez eu não esteja vivo até lá.

                Ele desligou o telefone. Voltei a tomar minha cerveja. O dia tinha sido difícil e já era tarde da noite, mas não tinha sono. Coloquei uma musica baixa e fiquei deitado na cama. Pela manhã só o que tinha me restado eram uma garrafa vazia de uísque no chão e algumas cervejas. Aquele cubículo que me servia como casa e escritório precisava ser arrumado. Havia latas vazias jogadas por todo o chão, resto de comida na cama, na sala e na cozinha e os ratos já haviam se tornado os donos do lugar. Eu nunca fui bom em organizar nada, nem em planejar coisa alguma. Ser detetive foi a única saída que me restou depois de algumas portas fechadas.

                Eu sempre fui curioso por natureza.  Se tudo tivesse dado certo talvez hoje eu fosse algum pesquisador importante, ou historiador, ou cientista espacial.  Definitivamente, eu não fui nenhum desses. Acendi um cigarro e fiquei na janela. O sol da manhã me cegava, mas eu não me importei.  Meu rosto cansado e pálido precisava de uma dose diária de sol para não me deixar com a aparência de um vampiro de filme juvenil. Apesar de sempre falarem que tenho um rosto bonito, uma expressão sempre fria e séria, mas interessante. Nunca entendi o que essas pessoas viam em mim, deviam estar muito carentes para pensarem que eu podia salva-las. Eu não podia salvar ninguém.

                 Fiquei esperando pela ligação misteriosa, mas eles não ligaram de imediato. Quando eu finalmente havia desistido de esperar, depois de alguns dias, o telefone tocou:

-Alô, quem fala?
- O senhor pediu uma pizza?
- Sim, já faz algum tempo
- então senhor, não consigo subir até o seu apartamento. Está tudo fechado
- Devem ter trancado o portão, malditos vizinhos. Espere um momento.

                Desci para buscar a pizza. Eu não gosto muito de pizza, mas não havia muita grana para comer outra coisa e beber e comprar meu cigarro e colocar gasolina no carro. Ou andava a pé, ou fumava, ou bebia ou comia bem. Preferi pedir pizza.

                Não lembro bem o que aconteceu em seguida, tudo que vi foi a barra de ferro me acertando em cheio na cabeça assim que abri o portão para o entregador.

- Vamos leva-lo ao chefe..

One thought on “James, o detetive Parte I

  1. Boe, desse jeito tu vai começar o próprio livro, haha! Gostei da forma que desenvolveu o texto. Esse omi parece que vai se tornar o próximo bukowski ahueaheuse. Que a inspiração continue a fluir na sua mente. \o

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